quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Manter a harmonia para dar certo

Empresários têm de saber separar questões pessoais das profissionais para que o negócio não sofra

Juliana Portugal

Trabalhar em família pode parecer fácil: afinal todos já se conhecem. Mas no ambiente de uma empresa, as tensões do dia-a-dia às vezes se acentuam e nessa hora trabalhar com pessoas tão próximas pode trazer ainda mais complicações.

De acordo com dados do Sebrae-SP, 39% das pessoas ocupadas nas micro e pequenas empresas paulistas são os próprios sócios-proprietários e seus familiares. “A maioria das pequenas empresas é familiar e à medida que crescem buscam por profissionalização”, afirma o consultor de Negócios do Sebrae-SP Milton Fumio Bando.

A participação da família é tão importante que 25% dos empresários costumam ouvir a opinião de parentes para resolver os problemas e traçar estratégias. Outro dado do Sebrae-SP mostra que 90% dos empreendedores usaram recursos próprios ou de familiares para constituir a empresa.

Para o coordenador do Núcleo de Estudos em Empresas Familiares da ESPM, Eduardo Najjar, a dificuldade maior de trabalhar em família está em separar as emoções e pensar somente no lado profissional. “O desafio não depende só do resultado financeiro do negócio, mas da harmonia familiar.”Mesmo com a chance de dar certo, esse modelo de empresa, segundo Najjar, apresenta mais fatores contra do que pró.

Um exemplo é um dos motivos alegados para trabalhar em família: a falsa idéia de redução de custos. O que, de acordo com ele, num curto prazo, só trará problemas. Pois nem sempre o parente é a pessoa mais qualificada para desempenhar a função necessária. Segundo Najjar, há até um estigma no Brasil de que empresa familiar não é um bom local de trabalho, o que nem sempre é verdade, de acordo com ele. “As empresas inovam mais, sabem reinvestir os lucros e além disso, são as que sobrevivem por mais tempo no País.”

Outra questão que merece cuidados quando o assunto é a sobrevivência da empresa é a sucessão. Bando explica que há diferenças entre herdeiro e sucessor. O primeiro pode não ter características para administrar o negócio. “Administrar uma empresa exige experiência, que só é adquirida com o tempo.”Para evitar o risco de ter um administrador familiar sem experiência, Najjar aconselha que a pessoa passe por outros empreendimentos e depois volte para a empresa da família, para que possa contribuir com uma nova visão.

“A sucessão é um processo que vai se desenhando, não acontece de repente”, diz Najjar. Ele explica ainda que a melhor maneira para que a sucessão aconteça de forma segura é preparar o sucessor ao longo dos anos, mas na maioria dos casos não é dessa maneira que o processo se desenvolve.

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